Contato 2.0 - Textão necessário!

(Ao contrário dos anteriores, e contra nossa vontade, este blog começa após o primeiro de dezembro. Nossa vontade é dar conta de tudo. E inverter o fluxo não importa, desde que a informação esteja presente. Compartilho e replico a todos a mensagem enviada aos nossos colaboradores diretos)

*

Acordei agora e enquanto fumo e tomo um café, tô processando/relembrando aqui como ontem foi bom!  E ainda temos o fds em que poderemos aproveitar a festa menos tensos e com a satisfação de ver essa tão linda construção comunitária. Uhuu!


Desde o início, analiso e já vou levantando coisas que saíram/possam sair diferentes do planejado (inclusive várias delas foram melhores do que pretendíamos!) para numa eventual repetição (e até pro dia-a-dia) ajustar os processos, que quase sempre são adaptações/melhorias de projetos anteriores (não precisamos inventar a roda mais que uma vez... só a adaptar pro transporte necessário, né?)


O que posso/consigo agora é mais uma vez agradecer a todos que separaram um tempo precioso de suas vidas pra se dedicarem ao projeto que é de todos nós, mas que de certa forma “convenci-os/convidei-os a entrar nesse barco”, roubando-nos um tempo que talvez possa até parecer  “nem usado direito”, mas que nem por isso é inestimável pra cada um.


Minha função/missão (da qual vou levando capengando) e que me deixa estressado/culpado é, de alguma forma, convidá-los e convencê-los a "dividir esse stress" comigo! (mesmo sabendo que é por isso que colhemos tantos frutos e podemos desfrutar juntos da colheita - um barco grande precisa de mais gente remando/trampando até que inventemos o motor...).


A cada projeto, construímos esse barco cada vez mais eficiente, crescendo e ajustando as velas para navegarmos mais tranqüilos, sem perder a potência.


Hoje eu (que estou aposentado, sem família pra tomar conta - além de uma gata, cuidando de principalmente “me cuidar” para não cair nos buracos que a depressão espalha na minha/nossa frente), já rebolo pra dar conta do dia-a-dia... sei que as obrigações necessárias para manter o carro de vocês em movimento são muito mais desgastantes.


Os tempos eram outros, mas chegamos a ter a edição virtual de 2012 com dez dias (sendo um dj curador em cada dia, cada um deles chamando mais dez..., e sem pandemia pra deixar o povo em casa e a rapidez tecnológica de hoje). Menos juízo e mais juventude, hehe.


Equilíbrio é sempre algo que buscamos, mas é um fim (da vida, inclusive), não a estrada. A vida/estrada é pura entropia.


Assim que o pessoal da rádio acordar, eles fecham a grade do fds pra estar na rua no máximo até amanhã pela manhã.


Depois desse cochilo, vou cuidar da parte do blog, instagram, face... a parte mais “escrita”, inclusive reafirmando a guinada na direção da luta por mais humanidade que suplantou-absorveu (socorro, né?) a luta contra a epidemia hiv/aids!


Vou passando os links. E na rádio deve ter alguém de plantão pro que precisarem até mais tarde.


Mais de uma vez, não posso deixar de agradecer as bases que sustentaram isso: Adélio/Allaoy, Reggie e Moisés/txai ,com suas respectivas equipes. Mais as contribuições individuais de tantos amigos, família, colaboradores, parceiros novos e antigos, de perto e de longe, no gps, personal, psiquiatra e psicanalista, gentes... e pelo amor, combustível, força-motriz e atenção do Ricardo, meu namorado, aquele que decidimos por escolha conjunta, compartilhar mais proximamente nossa humanidade.


Ontem chorei muitas vezes (emocionado de feliz) vendo os sets, grato por termos tudo gravado, para ser mostrado, compartilhado, estar disponível pra quem quiser partilhar um pouco disso que foi/tá sendo tão lindo (e tão humano naquilo que trazemos de luz da humanidade que nos faz seres).


Em especial, não posso deixar de dizer que, além de tudo que elenquei acima, apenas uma ação (da Ocupação, conduzida pelo Yank e a Santa) já pagam com juros todas as dificuldades que tive para, como vocês, sair um pouco de nossas rotinas asfixiantes e tentar respirar coisas novas. São 20 minutos que ainda choro quando assisto.


Precisamos de mais coisas assim. Ao menos eu, preciso. O que aprendi no tempo que pude conviver com a Letícia (a mãe que pariu essa criança chamada Contato) e que aprendi no tempo que acompanhei de longe o trabalho do Betinho - nosso Francisco de Assis brazuca, foi que, por pior que estejamos/nos sentimos, existe sempre quem está sentindo uma dor tão grande, ou maior, e que esse sofrimento às vezes pode ser resolvido por tão pouco (ainda aí o pulo do gato: dá um ligeiro alívio no nosso...).  


Não consigo eu sair de minha casa para ajudar a preparar aquelas marmitas, participar ao vivo para aquele desfile, participar pessoalmente daquela festa, sair um pouco do virtual ... mas cada parte de mim e de vocês esteve envolvida nisso e permitiu que acontecesse, ficasse registrado e sirva de exemplo e orgulho do que é ser humano.


Para o pensador francês Deleuze, o limite entre direita e esquerda é dado por uma questão de percepção. A direita pensaria de dentro para fora, a partir de si; já a esquerda pensaria num fluxo inverso, de fora para dentro: “Não ser de esquerda é como um endereço postal. Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure”. 


Já “ser de esquerda”, para ele, seria o contrário. “É perceber… É um fenômeno de percepção. Primeiro, vê-se o horizonte e sabe-se que não pode durar, não é possível que milhares de pessoas morram de fome. Isso não pode mais durar. Não é possível esta injustiça absoluta. Não em nome da moral, mas em nome da própria percepção”.


Antes de ser eu, the space invader from brasil/perifa, endereço, rua, CEP, cidade etc., sou terráqueo, animal, SER HUMANO, sul-americano, brasileiro, mineiro de Monte Carmelo, membro de uma família.


Gosto de pensar num endereço assim. Sem dispensar qualquer dado, mas apenas escrevendo-os nessa percepção que entendo “ser a da esquerda”.  É mais que tudo, “ser humano”. 


Partir da percepção que qualquer terráqueo (além de outro filho da minha mãe ou parente meu) é também meu vizinho, primo, irmão. Nosso endereço começa com Planeta Terra, depois vai descendo até chegar no meu nome.


Obrigado. É hora de festejar! E a festa vai até domingo. Tudo pronto e já ensaiado :)


tsifromperifa/tsifrombrasil/hugo

www.function.fm

Comentários